E lá vamos nós de novo desbravar um novo lugar repleto de misticismo pelo mundo. Desta vez eu vou te levar a uma das minhas cidades preferidas na Itália: Florença.

E hoje a gente vai conhecer a “Basilica di San Miniato al Monte” e suas conexões com a astrologia.

Sim, exatamente: uma Igreja com influências astrológicas.

A construção da “Basilica di San Miniato al Monte” data aproximadamente do final do século X e início do século XI. Acredita-se que a construção tenha começado por volta do ano 1013.

Ao longo dos séculos seguintes, a basílica passou por expansões e alterações significativas. Diversos elementos, como a fachada de mármore, o campanário e outras partes da estrutura, foram adicionados durante os séculos XII, XIII e XIV.

A arquitetura da Basílica de San Miniato al Monte é predominantemente de estilo românico, com algumas influências góticas. Suas características distintas e o uso de materiais como mármore di Carrara branco e Serpentino di Prato verde, pelo arquiteto e escultor galego Mestre Mateo, a tornam uma das igrejas mais notáveis de Florença.

Durante o século XV, a basílica passou por reformas significativas. O arquiteto Michelozzo di Bartolomeo esteve envolvido nesse processo, realizando alterações nas estruturas internas da basílica e contribuindo para o design do campanário.

Michelozzo é mais conhecido por sua estreita colaboração com a influente família de’ Medici, que desempenhou um papel crucial no Renascimento florentino. Ele trabalhou para Cosimo de’ Medici, projetando várias residências e edifícios importantes para a família, incluindo o Palazzo Medici Riccardi, que serviu como residência privada dos Medici.

Tá Let, mas e a astrologia, onde entra nesta história?

Você sabe que toda vez que eu entro em uma Igreja sou a caçadora de símbolos que remetem aos conhecimentos de Tarot e Astrologia, não é?

Então… olha o que eu encontrei na Basílica de San Miniato!

Um piso com elementos astrológicos! Ou melhor, o mais antigo quadrante solar solsticial monumental que ainda funciona em todo o território europeu.

 Este piso é conhecido como o “Pavimento dei Cavalli” ou “Pavimento Cosmatesco”, e é uma obra de arte elaborada e intrincada que incorpora símbolos astrológicos, geométricos e religiosos. A obra leva o nome “Pavimento dei Cavalli” devido à representação de animais, incluindo cavalos, que podem ser encontrados nos mosaicos.

O pavimento foi criado durante o século XIII, durante o período românico, e é uma das mais impressionantes obras de mosaico desse tipo na Itália. Acredita-se que tenha sido encomendado pelo Abade Ildebrando, que mais tarde se tornou o Papa Gregório VII, uma figura crucial na história da Igreja Católica, que teve um papel significativo na reforma da igreja e na relação entre o poder religioso e secular.

O grande zodíaco circular replica o que foi feito no século precedente no Batistério de San Giovanni, que em breve eu mostro para você em outro vídeo.

Os elementos astrológicos presentes no pavimento incluem símbolos dos planetas e signos do zodíaco, que eram amplamente conhecidos na época por seu significado simbólico e esotérico, criando um efeito visual impressionante. Segundo a simbologia medieval, o círculo representava o cosmo e a volta celeste. Já o quadrado que o limita simbolizava a Terra através dos seus 4 elementos e 4 pontos cardeais.

Estes símbolos astrológicos não são meramente decorativos. Eles foram projetados para transmitir significados profundos e complexos que podem ter conexões com a espiritualidade, a cosmologia e as crenças da época. A presença desses símbolos em uma igreja também pode ser vista como um exemplo da forma como o conhecimento astrológico e a religião muitas vezes se entrelaçavam na Idade Média.

Ao lado da Igreja, há uma pequena loja de artigos religiosos e foi lá que encontrei o livro “Sole e Simboli” de Simone Bartolini, que conta a história do zodíaco na Basílica de San Miniato e também no Batistério de San Giovanni.

A premissa de Bartolini é que os 12 signos do zodíaco posicionados ali também fazem referência aos 12 apóstolos como se estivessem dispostos em círculo ao redor de Cristo-Sol. Esta teoria também é defendida pela famosa astróloga Emma Costet de Mascheville, mais comumente chamada de Dona Emy. Mas eu vou falar sobre a importância da Dona Emmy para a astrologia brasileira, a Santa Ceia e os doze signos em um outro conteúdo.

Voltando ao livro de Bartolini, sua teoria é de que por volta dos séculos XII e XIII, quando se consolida a tendência à evangelização do Cosmos, muitos edifícios religiosos acabam por acolher a simbologia do zodíaco como ornamento alegórico.

O mais impressionante é que Bartolini conta como a posição da Igreja está conectada com o céu, com cálculos fabulosos que inclusive fazem com que a luz solar entre por uma cavidade perfeita através da nave central exatamente durante o solstício de verão para iluminar o signo de câncer e no solstício de inverno para iluminar capricórnio na mandala que vemos no piso. Atualmente, o fenômeno se manifesta cerca de meia hora depois do meio-dia no verão e a aproximação com o cume do sol é tanta que não é possível acreditar que seja apenas uma coincidência. Já o efeito no inverno não pode ser mais visto por causa de construções posteriores.

A igreja de San Miniato al Monte é dedicada a São Miniato, um mártir cristão que, segundo a lenda, mesmo depois de ser decapitado, subiu o  Mons Florentinus, como era chamada a colina, carregando sua cabeça nos braços para morrer ali em 250 d. C.

A localização elevada da igreja é um local popular para os visitantes apreciarem as vistas deslumbrantes de Florença, incluindo a cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore, o famoso Duomo e muitos outros pontos de referência da cidade, mesmo que grande parte das pessoas que ocupam suas escadarias para ver o pôr-do-sol no verão não imaginam que no passado alguém pode ter subido carregando a própria cabeça nos braços bem ali.

Além da minha paixão por Florença, a igreja de San Miniato al Monte se tornou destino certo sempre que vou à cidade justamente por ter me deparado com a mandala astrológica e descoberto toda sua história em seguida. Eu estive lá em março e em junho de 2023 e recomendo muito a visita tanto pela manhã para apreciar a Igreja quanto no fim do dia para assistir ao pôr-do-sol.

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